Terapia de Casais LGBTQIA+

Ora, mas a terapia de casal não é terapia de casal independente do casal que seja? Sendo um casal lgbt+ ou hétero? Sim e não.

Sim, a terapia de casal atende ao casal independente da formação desse casal: trata-se de um casal que enfrenta juntos os desafios da relação, e a análise do vínculo, das heranças familiares e transmissões geracionais se dão seja qual for a orientação sexual ou identidade de gênero. Mas existem particularidades de um universo que podem ser vividas de maneiras diferentes por essa formação de casal.

Isso significa que ter o olhar para essas questões amplia a possibilidade de escuta e compreensão. Por exemplo:

Identidade e papel de gênero:

_Como são vividas as relações de identidade de gênero e papel de gênero em uma relação que subverte essas questões? O fato de se tratar de uma relação com uma pessoa do mesmo sexo significa a extinção do binômio masculino-feminino?

_Atitudes ativas e passivas não estão coladas ao gênero masculino/feminino. Há alguma identificação ou imposição para a realização desses papéis? Como isso se reverbera na relação?

_Existe machismo em uma relação entre dois homens? Entre duas mulheres? Como as questões financeiras e trabalhos de casa atravessam esses casais que já romperam as expectativas e sociais mas podem não ter rompido os papéis históricos-sociais?

Filhos

A realização de ter filhos do casal lgbt (quando há esse desejo) jamais se dará 'acidentalente' por uma transa sem métodos contraceptivos; tampouco por um "desejo inconsciente" que favoreceu a fecundação.

Inevitavelmente esse será um projeto que envolverá o auxílio de outras pessoas ou órgãos específicos: seja para a adoção; seja para inseminação artificial, seja por barriga de aluguel (em países onde esse procedimento é permitido). Esse é um projeto que exige outras decisões e processos absolutamente diferente de um casal hétero, que dependerá de um planejamento e de uma decisão.

A homogenitorialidade exige uma organização e procedimentos para além do casal que envolve investimento financeiro, preparação emocional e física, condições da lei local.

Direitos civis e reconhecimento social

Geralmente um casal LGBT enfrenta preconceitos sociais e impedimentos de direitos legais.

Embora a construção de uma família não dependa do reconhecimento legal do Estado, alguns desafios são enfrentados por esses casais por estarem privados (ou com acesso dificultado) desses direitos (como adoção de filhos, reconhecimento como cônjuge no plano de saúde, direito a cidadania de outra nacionalidade...).

Na mesma linha sobre o legado histórico e social, a família pode ser um atravessamento importante para o bem estar do casal. Seja por questões de aceitação da família, seja por essa não aceitação familiar poder afetar a própria aceitação de sua orientação sexual.

Homogenitorialidade

• A princesa e a costureira, livro infantil sobre dupla maternidade de Janaina Leslão (2015, Metanoia Editora).

• Dare la vita, livro de Michela Murgia (2024, Ed. Rizzoli) - em Italiano.

  Com uma escrita preciosa e corajosa, Michela provoca as estruturas rígidas da família heterossexual (principalmente italianas), partindo da experiência pessoal: "É possível ser mãe des filhes que escolhemos, e que eles, por sua vez, nos escolhem? Pode-se construir uma família sem vínculo de sangue? A resposta é sim. A queerness familiar é uma realidade e encará-la é uma necessidade política. Um diálogo lúcido e aberto sobre a gestação por outre, um tema que põe em crise a suposta raíz de ser mulher."

  Michela morreu em 2023 em Roma. Foi ativista até o último momento em vida e deixou um legado importante questionando o conservadorismo nas relações e família (principalmente italianas).

• Podcast Radio Novelo Apresenta (Spotify)

  #Posteridade - 2o ato

• Podcast Sapa Justa (Spotify)

  #Dupla Maternidade: https://open.spotify.com/episode/0oeQ83L0tMIRsMeVYPVrRd?si=c779055e89aa4369

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More about it

Leis e Direitos

Séries, Livros e entretenimento

• Heartstopper. 2022, Alice Oseman Netflix (série)

  Como é sair do armário para um garoto tímido, inibido pelo bullying dos colegas? E como é sair do armário para o garoto popular, o bonitão do time de futebol? As experiências revelam sentimentos muitas vezes despercebidos (silenciados), e a complexidade de ser LGBTQIA+ ainda nos dias de hoje.

• Baby Reeinder (Bebê Rena). 2024 Netflix (série)

  Uma hipnotisante série que retrata a relação de duas pessoas enredadas em dependência emocional, a complexidade, prejuízos na vida (e psíquicos) decorrentes desse modo de estar no mundo.

• Amoras, livro de Natália Borges Polesso, (2015, Ed. Dublinense)

  Crônicas das mais variadas situações da vida cotidiana sobre o amor entre duas mulheres, Natália é sensível ao olhar amplo das experiências lésbicas da "vida real". Fazer circular o que é silenciado.

  Obra vencedora do Prêmio Jabuti.

Trans

• Girl, Netflix (filme)

• Paris is burning, YouTube (documentário)

  Documentário dirigido por Jennie Livingstone que explora a cultura e realidade das bollrooms dace e voguing.